A superbactéria KPC, resistente à maior parte dos antibióticos disponíveis no mercado, não está restrita ao Distrito Federal. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-USP) contabilizou pelo menos 70 casos de pacientes infectados pelo microrganismo desde 2008, quando o primeiro caso na instituição foi confirmado. “A velocidade dos registros vem aumentando, o que nos deixa bastante preocupados”, afirmou a coordenadora-chefe do Grupo de Controle de Infecção Hospitalar do HC, Ana Sara Levin. Diante desse avanço, o HC realizou duas reuniões sobre o assunto. Um novo encontro está marcado para os próximos dias. Ana Sara diz que parte dos pacientes chegou à instituição com a bactéria. “O que nos faz crer que a cepa resistente já é encontrada em outras partes do País”, completa.
AMOSTRAS
A infectologista do Laboratório de Pesquisa de Resistência Bacteriana da Universidade Federal de São Paulo, Ana Cristina Gales, confirma a avaliação de Ana Sara. “Já encontramos KPC em amostras vindas de João Pessoa, Recife, Vitória, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul”, afirma. No Distrito Federal, 108 casos suspeitos foram registrados, com 18 mortes. De acordo com a secretaria de saúde, a infecção hospitalar atinge pelo menos dez hospitais.
Entre hospitais com registros de casos estão o Juscelino Kubitschek, o Alvorada e o Hospital de Clínicas. “Todas as medidas para controlar o problema estão sendo adotadas”, afirma a infectologista das três unidades, Maria de Lourdes Ferreira Lopes. A médica admitiu que, assustados, alguns pacientes desistiram de fazer cirurgias que estavam agendadas. “Alguns médicos também recomendaram o adiamento”, disse.
Uma atitude, que em sua avaliação, pouco vai resolver. “Essa superbactéria não surgiu ontem. E certamente o problema não será resolvido amanhã”, admitiu.
Para tentar reduzir a apreensão dos pacientes, folhetos sobre a superbactéria foram distribuídos nos três hospitais. A procura foi tanta que no meio da tarde não havia nenhum informativo disponível.
No HC, embora desperte preocupação do grupo de controle de infecção hospitalar, a situação está sob controle. “É perfeitamente possível evitar a propagação do problema no ambiente hospitalar. Basta que adotemos as medidas de controle disponíveis”, garantiu Ana Sara. Algo que está sendo realizado
Ela avalia, no entanto, que esse controle fica mais difícil em centros com infraestrutura precária. “Não há como garantir que casos da bactéria também não estejam ocorrendo em hospitais de menor porte. A diferença é que, nesses locais, o problema nem é identificado.” A KPC é uma cepa da Klebisiella pneumoniae, resistente a uma classe de antibióticos chamada carbapenemas. (Diário do Pará)
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